Dados do Trabalho
Título
GLAUCOMA NEOVASCULAR E ESCLERITE NECROSANTE COM INFLAMAÇAO – EXISTE UMA RELAÇAO?
Fundamentação/Introdução
50% dos pacientes com esclerite apresentam distúrbios inflamatórios sistêmicos ou doenças autoimunes (DAIs) com vasculite, mas sua patogênese é incerta (1). Biópsias esclerais revelam necrose e células inflamatórias (2). No glaucoma neovascular (GNV) secundário à retinopatia diabética proliferativa (RDP), há síntese de fatores pró-angiogênicos e enzimas proteolíticas como metaloproteinases de matriz (MMPs 2, 9 e 14) (3). A relação entre diabetes mellitus (DM) e inflamação é apoiada por DM1 ser uma DAI e pelo aumento de fatores pró-inflamatórios por disfunção da barreira hemato-ocular (4).
Objetivos
Relatar um caso raro de GNV em um paciente portador de DM1 que evoluiu para esclerite necrosante com inflamação.
Delineamento e Métodos
Revisão de prontuário para descrever um relato de caso.
Resultados
Paciente masculino, 22 anos e DM1 com mau controle, apresentou perda visual dolorosa em olho direito (OD) nos últimos 7 dias, sem história de trauma, doença ocular ou cirurgias prévias. Acuidade visual (AV) em OD sem percepção luminosa e 20/80 em olho esquerdo (OE). Exame revelou pressão intraocular (PIO) de 35mmHg, injeção ciliar, edema de córnea, neovasos em íris, pupila midriática, esclera normal e gonioscopia com sinequias em 360 graus em OD. OE com PIO de 8mmHg e RDP à fundoscopia. O diagnóstico de GNV foi estabelecido no OD e iniciado tratamento com colírios hipotensores, além da fotocoagulação a laser no OE. Após 3 semanas houve piora da dor, hiperemia e afinamento escleral na região superior de OD, desenvolvendo protrusão uveal nos 2 meses seguintes. Quadro compatível com esclerite anterior necrosante com inflamação. Exames laboratoriais revelaram VHS de 71 mm/h, mas sorologias para DAIs foram negativas. O uso de corticoide sistêmico foi contraindicado devido à nefropatia diabética dialítica. Após 1 ano, apresentou piora da dor e do afinamento, sendo indicada enucleação por risco iminente de perfuração ocular.
Conclusões/Considerações Finais
Em pacientes com esclerite, citocinas induzem a secreção de MMPs por fibroblastos esclerais (5,6). Níveis aumentados de TNF-alfa e MMP9 foram detectados nas lágrimas de pacientes com esclerite necrosante (6). A atividade inflamatória desempenha um papel fundamental em sua fisiopatologia, assim como na uveíte e na RDP – doenças que apresentam uma relação bem estabelecida. Ainda que raro, este relato de associação de GNV e esclerite justifica a discussão dos mecanismos inflamatórios em comum nessas doenças, a fim de contribuir para a compreensão da patogênese dessas graves apresentações clínicas.
Palavras-chave
Glaucoma neovascular, esclerite, inflamação, retinopatia diabética.
Área
POSTER
Categoria
E-POSTER
Autores
PAULA BASSO DIAS, LISANDRO SAKATA, DEBORAH VERAS, NICHOLAS SETTER, KENZO HOKAZONO