XVII Congresso Sul-Brasileiro de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

DIPLOPIA POR LINFOMA ORBITARIO DIFUSO DE GRANDES CELULAS B - RELATO DE CASO

Fundamentação/Introdução

A órbita não apresenta linfonodos, mas é um local importante para o desenvolvimento de tumores linfoides, que representam 20% dos tumores orbitários. A distinção clínica entre essas lesões é difícil, sendo necessários exames anatomopatológicos e imunohistoquímicos para o diagnóstico preciso. Embora o linfoma de pequenas células B seja o subtipo mais comum (57%), é importante considerar os subtipos mais raros, como o difuso de grandes células B (15%), folicular (11%) e de células do manto (8%).1,2

Objetivos

Reportar um caso de linfoma orbitário difuso de grandes células B apresentando-se com diplopia.

Delineamento e Métodos

Um relato de caso é apresentado.

Resultados

Paciente do sexo feminino de 58 anos procurou atendimento oftalmológico com queixa de diplopia e estrabismo progressivo há 1 mês. Acuidade visual (AV) corrigida de 20/25 em ambos os olhos. Ao exame, foi observada uma pápula caruncular hipercrômica à direita, tumoração indolor e endurecida na pálpebra inferior direita e linfonodomegalia submandibular ipsilateral. Apresentava diplopia binocular com hipertropia direita/esquerda e limitação da abdução à direita. A ressonância magnética revelou uma formação expansiva sólida no quadrante inferolateral do cone orbitário direito, desviando o globo ocular ipsilateral superior e medialmente, sem clivagem entre os músculos reto lateral e reto inferior. Foi realizada cantotomia lateral seguida de exérese de 90% da lesão, com biópsia das lesões de carúncula, diagnosticada como nevo melanocítico, e de órbita, compatível com linfoma difuso de grandes células B. Após tratamento cirúrgico, houve resolução da diplopia e a AV manteve-se em 20/25. Não houve evidência de doença extraorbitária no rastreio sistêmico. A paciente foi submetida a quimioterapia e com Rituximabe e Metotrexate em altas doses.

Conclusões/Considerações Finais

O surgimento de uma lesão orbitária não inflamatória de crescimento lento deve levantar a suspeita de linfoma como possibilidade diagnóstica.2 A presença de um quadro mais agressivo associado a proptose extra-axial, distopia, diplopia e estrabismo pode sugerir presença de um subtipo mais raro, como o linfoma difuso de grandes células B. Apesar da agressividade, responde bem ao tratamento, com 75% dos pacientes apresentando alívio sintomático após terapia inicial, e 50% alcançando a cura.3 Espera-se que este relato aumente a relevância do linfoma difuso de grandes células B entre oftalmologistas, auxiliando na suspeição, diagnóstico e tratamento adequado dessa patologia na prática clínica.

Área

PLÁSTICA OCULAR E VIAS LACRIMAIS

Categoria

E-POSTER

Autores

ANA BARBARA DIAS LOPES URZEDO, NATALIA TRENCH MAIA, PAULA BASSO DIAS, GIOVANNA VINHOLI, DEBORAH DE OLIVEIRA VERAS